quarta-feira, 26 de abril de 2017

O cancioneiro de Ella Fitzgerald

Ella Fitzgerald

O cancioneiro de Ella Fitzgerald

A inesquecível cantora de jazz gravou os clássicos do grande repertório norte-americano

CARLOS GALILEA
25 ABR 2017 - 12:19 COT

Ella Fitzgerald em um show em Barcelona em 1966. Ela faria 100 anos.
Ella Fitzgerald em um show em Barcelona em 1966. Ela faria 100 anos.  EFE
Ella Fitzgerald tinha a mesma idade que o primeiro disco de jazz. Também estaria completando agora –dia 25 de abril— cem anos. Sua ascensão foi rápida: já em 1937 os leitores da revista Down Beat a elegeram como sua cantora favorita. Na década de cinquenta, o empresário Norman Granz a convenceu a deixá-lo conduzir a sua carreira, até então administrada por seu representante, Mo Gale, e o produtor de discos Milt Gabler. Em 1955, ela deixou a Decca, companhia fonográfica na qual passara vinte anos e com a qual gravava desde que começou como cantora da orquestra de Chick Webb com apenas 17 anos. Ela ainda não sabia, mas a chamada Primeira Dama do Swing estava prestes a se tornar a Primeira Dama da Canção.
Seus últimos discos não estavam vendendo bem e Ella se sentia frustrada. Em janeiro de 1956, levada por Granz, assinou contrato com a Verve. O primeiro projeto com o novo selo foi um LP duplo com canções de Cole Porter. Somente no primeiro mês, venderam-se 100.000 cópias. Entre fevereiro de 1956 –Elvis Presley acabara de chegar ao topo das listas de mais vendidos—e julho de 1959, Ella Fitzgerald gravou oito discos com alguns dos melhores títulos do grande cancioneiro norte-americano: aquele que floresceu desde os anos vinte até meados do século passado e no qual Bob Dylan cavava o seu caminho.
Os discos saíram entre 56 e 64, na seguinte ordem: Sings the Cole Porter SongbookSings the Rodgers & Hart SongbookSings the Duke Ellington SongbookSings the Irving Berlin SongbookSings the George and Ira Gershwin SongbookSings the Harold Arlen SongbookSings the Jerome Kern Songbook y Sings the Johnny Mercer Songbook. Atribui-se a Ira Gershwin o seguinte comentário: “Eu não sabia como eram boas as nossas canções até que ouvi Ella cantá-las”. Um último disco seria acrescentado à série em 1981, lançado pela Pablo Records e dedicado a um compositor da América do Sul: Ella abraça Jobim(Ella Fitzgerald Sings the Antonio Carlos Jobim Songbook).
Depois de sua morte, Frank Rich escreveu no The New York Times que, com seus songbooks, a cantora “realizou uma operação cultural tão extraordinária como a integração contemporânea de Elvis entre a alma branca e a afro-americana. Era uma mulher negra popularizando canções urbanas muitas vezes compostas por imigrantes judeus para um público predominantemente de brancos cristãos”.
Ella não tinha muita consciência daquilo que sua obra significou. E nunca deu margem a que o público pudesse achar que a letra de alguma das canções que interpretava se referisse à sua vida privada, a respeito da qual evitava falar. Becoming Ella: The Jazz Genius Who Transformed American Songbiografia que está sendo escrita pela professora Judith Tick e que deverá ser lançada em 2018, dará uma atenção especial para todo o contexto cultural em que viveu a cantora. A mulher que cantava com a espontaneidade inocente e alegre de quem provavelmente jamais deixou de ser uma criança. A mesma que dizia que gostaria de ter sido bonita e que afirmava que a única coisa melhor do que cantar é cantar ainda mais.


domingo, 23 de abril de 2017

Hollywood / Antídoto contra a idade: o dinheiro

Morgan Freeman

Antídoto contra a idade: o dinheiro

Hollywood aposta em Shirley MacLaine, Warren Beatty, Rachel Welch, Goldie Hawn, Glenda Jackson e De Niro


ROCÍO AYUSO
Los Ángeles 21 ABR 2017 - 17:00 COT


Nem botox, nem cirurgia plástica. Segundo confirmou Morgan Freeman a este jornal, o único antídoto contra a idade que Hollywood conhece é o dinheiro. “Nem sexismo, nem racismo nem velhismo. Eu não vejo discriminação na indústria de Hollywood porque há anos a única coisa que manda é o dinheiro”, afirma o ator, perto de completar 80 anos. Tomando sua carreira como exemplo, está claro que Hollywood é um país para velhos. Nos últimos dois anos Freeman trabalhou em uma dúzia de filmes e produções de televisão. Em sua última estreia, Despedida em Grande Estilo, não é o único veterano. O filme soma 246 anos entre seus três protagonistas, contando os 84 de Michael Caine e os 83 de Alan Arkin. Ou 321, se também se soma os 75 de Ann Margaret, mais uma integrante do elenco dessa comédia centrada em um grupo de aposentados que decide roubar um banco para recuperar as pensões que perderam na atual crise econômica. Entre os quatro também estão quatro prêmios Oscar e 13 indicações à mesma estatueta, exemplo do quanto valem suas carreiras.

Mas o valor é relativo, porque ao longo dos anos são muitos os exemplos de gerontofobia em uma indústria apaixonada pela carne jovem. A série FEUD, centrada nas carreiras de Bette Davis e Joan Crawford, deixa claro que o problema vem de anos. A obra de Ryan Murphy mostra as dificuldades que essas grandes estrelas tiveram na década de 1960 depois que atravessaram a barreira dos 50 anos, como se fosse um problema atual. “Hollywood mudou pouco em matéria de discriminação”, disse o autor.
Mas a situação está mudando. Robert de Niro, de 73 anos, está mais ativo do que nunca. Glenda Jackson voltou ao teatro aos 80 anos como protagonista de Rei Lear. Entre as grandes estreias nos Estados Unidos está a comédia de ação Snatched, que promove o retorno de Goldie Hawn aos 71 anos e depois de 15 anos afastada de Hollywood. Há ainda atualmente nas telas as veteranas Shirley MacLaine (82), Warren Beatty (80) e Rachel Welch (76), que trabalha em Como se Tornar um Conquistador. "Me faço de surda para quem me chama de último símbolo sexual. Por acaso Charlize Theron não é um símbolo sexual? Houve um momento em que Brad Pitt também era. E Angelina é uma mulher belíssima e muito sexy. Tudo depende dos olhos com que se vê”, disse Welch a este jornal.




A atriz, Glenda Jackson.
A atriz, Glenda Jackson. GETTY


Caine atribui o ressurgimento dos mais veteranos ao sucesso de filmes como O Exótico Hotel Marigold (2012), com um elenco em que Judi Dench e Maggie Smith marcavam a média de idade. “São muitos os espectadores da nossa idade que se sentem subestimados e que se identificam com a gente. A vida não para quando se chega a uma certa idade”, disse Ann Margaret. O gênero já conta com seu próprio nome: comédias de geriatria, um termo que faz seus protagonistas rirem. O que todos esses veteranos, dispostos a morrer sem pendurar as chuteiras, gostariam é de não só continuarem trabalhando, mas contar histórias que não falem unicamente da idade. “Eu simplesmente me vejo como um ator que consegue sobreviver como ator”, acrescenta, sem dar importância à idade.
Outra coisa é como são vistos por seus companheiros de viagem. Apesar de a média de idade dos membros da Academia estar acima dos 60 anos, e alguns dos grandes diretores, como Clint Eastwood, Woody Allen e Roman Polanski já terem passado dos 80, os filmes protagonizados por esses veteranos poucas vezes são reconhecidos nos prêmios. Como apontou um estudo da Universidade do Sul da Califórnia, apenas 11,8 por cento dos candidatos ao Oscar têm mais de 60 anos.


terça-feira, 18 de abril de 2017

‘Guernica’, de Picasso: assim foi feito o quadro mais famoso do século XX




‘Guernica’, de Picasso: assim foi feito o quadro mais famoso do século XX

Conheça a exposição que mergulha na mente do pintor que há 80 anos plasmou o horror da guerra


IKER SEISDEDOS
Madri 3 ABR 2017 - 19:39 CEST
A obra Guernica, de Pablo Picasso, começou a ser concebida bem antes de ser encomendada, já que, quando pequeno, o artista escapulia para baixo da mesa de jantar para admirar as “pernas monstruosamente inchadas que surgiam das saias de uma das suas tias”. Essa precoce fascinação pela deformidade subjaz no extraordinário feitiço da grande tela, intacto 80 anos depois de o artista pintá-la a pedido do Governo da República Espanhola para o pavilhão do país na Exposição Internacional de Paris de 1937. A teoria que liga os pontos entre o horror infantil e a eficaz monstruosidade do gigantesco mural-ícone é de T. J. Clark, curador, junto com sua esposa, Anne M. Wagner, de uma exposição que foi apresentada na manhã desta segunda-feira à imprensa no Museu Reina Sofía, em Madri, por ocasião do aniversário redondo da obra.

sábado, 15 de abril de 2017

Cesaria Evora / Jardim Prometido

https://www.youtube.com/watch?v=6HQH750XOXw

Cesaria Evora 
Jardim Prometido

Ess verde di bô nome ja nos espera'l tcheu
Num jardim florido, rebera ta corré
Vale de Paúl é prova de fertilidade
Quande nuvem fecunda ta derrá-me sê amor
Agua ta caí esperança ta brotá

Naquês tempo d'otrora quande mundo era mundo
Maça di ouro bô tchom tava dá
Tchuva zanga e quel era de bonança
Hoje transformá num historia sabe d'uvi
Ma nôs vontade e esperança é maior

Quel jardim na nôs sonho ca morrê
Força de perseverança ainda ta cultiva'l
Cabo Verde é verde na nôs coraçon
Nôs terra ta vertejá d´nôs mon cheio d'amor

Sempre nô espera pèss dia grande
Onde cada fidjo ta tem sê parte d'virdim
Nô crê vivê num terra d'amizade
Ta desenvolvê na meio d'felicidade
Num jardim prometido ta flori cheio di paz



domingo, 9 de abril de 2017

Como viajar com o seu cachorro


Como viajar com o seu cachorro

Ganha terreno a tendência de que os cães comportados são bem-vindos


RITA ABUNDANCIA
EL PAÍS
São Paulo 15 JUL 2015 - 17:19 CEST


Num hipotético desenho do humorista norte-americano Gary Larson, que gosta de pintar os animais comportando-se como humanos e vice-versa, alguns cães reunidos num elegante coquetel podem saber onde passarão as férias deste ano e se levarão os seus donos com eles, já que muitos hotéis começam a impedir a entrada de humanos pelos vários problemas que acarretam: intoxicação etílica e tendência de pular na piscina da janela do quarto. Fora do universo de Larson, são os donos desejosos de passar as férias junto aos seus melhores amigos que se propõem aonde ir, como e quando. Porque viajar com animais costuma ser uma corrida de obstáculos em que é preciso contar com mais dinheiro, paciência e capacidade de abrir mão de muitos destinos, eventos e atrações para ter a companhia de nosso amigo fiel.